Ser ou Não Ser Kantiano - Perspectiv​as Heideggeri​ana sobre a "Crítica da Razão Pura"

03-05-2013

Projecto The Bounds of Judgement (PTDC/FIL-FIL/109882/2009)

Ser ou não ser kantiano

Perspectiv​as Heideggeri​ana sobre a "Crítica da Razão Pura" 

3 de Maio | 13h30 | Sala 208 | FLUP

Prof. Costa Macedo  

Instituto de Filosofia - Universidade do Porto

 

Resumo: Como o próprio título - Kant e o problema da metafísica - deixa entender, Heidegger não interpreta a Crítica da Razão Pura como sendo uma obra predominantemente epistemológica ou gnosiológica, mas antes de tudo como interpretação metafísica do homem, como ontologia fundamental considerada teoria da finitude humana. Daí a importância que é dada ao lugar da imaginação transcendental contida na primeira edição da Crítica da Razão Pura, ao representar a raiz comum do intelecto e da sensibilidade, constituindo assim a base dessa finitude humana, expressa por uma razão pura sensível, na qual o tempo é o constitutivo principal. Com efeito, esta raiz é ao mesmo tempo atravessada pelo tempo não só na sua dimensão de simples fluir, mas já segundo os três êxtases da temporalidade. À razão sensível que caracteriza o homem impõe-se este destacar da temporalidade ao ponto de a encontrar no cerne do “eu penso” da apercepção pura, no seu “momento de reconhecimento”, a partir do qual se descobre o apontar para o futuro. Também no esquematismo se conjugam a importância do tempo e da imagem que o esquema também é. Só um ente finito é susceptível de intuição, isto é, de receptividade e é nessa finitude que o conceito, e sobretudo o conceito puro, é necessário como coadjuvante de uma intuição igualmente finita, sendo que nem este conceito vale na sua pureza sem o sensibilizar-temporalizar pelo esquema. Fora do sujeito, o tempo não é nada. Isto é: o tempo está apenas no sujeito, subjetividade e tempo são inseparáveis, ao ponto de se identificarem, culminando isto na observação de que as características do tempo em geral (que não está no tempo) e as do “Eu penso” são tão iguais que também se identificam.

Num ser tão finito não é possível conceber um conhecimento criador como o de Deus nem mesmo projetivo. Assim os entes mostram-se, objectivam-se, fenomenalizam-se, sendo tudo isso a forma do seu mostrar-se. Realismo gnosiológico ao serviço de uma finitude metafisicamente definida.

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