Ser ou não ser Kantiano - "A concepção kantiana de consciência", Clara Morando

12-04-2013

Projecto The Bounds of Judgement (PTDC/FIL-FIL/109882/2009)

 

Ser ou não ser kantiano

 

A concepção kantiana de consciência

 12 de Abril | 13h30 | Sala 208 | FLUP

 

Clara Morando

 Instituto de Filosofia - Universidade do Porto

 

Abstract: Na segunda secção da Dedução transcendental dos conceitos puros do entendimento (Analítica dos Conceitos), da edição B da Crítica da Razão Pura, Kant fala-nos da unidade sinteticamente originária da apercepção. Kant pretende, sobretudo, estabelecer uma marca distintiva entre o que significa apercepção pura e apercepção empírica. Esta distinção é fundamental de maneira a evitar uma contradição interna à própria actividade do pensamento, dado que se o pensamento não pudesse acompanhar todas as suas representações, «algo se representaria em mim, que não poderia, de modo algum, ser pensado, que o mesmo é dizer, que a representação ou seria impossível ou pelo menos nada seria para mim» (B132). Pelo que «o eu penso deve poder acompanhar todas as minhas representações» (idem). Ora, na sessão que nos concerne, propomo-nos analisar, em algum detalhe, e servindo-nos de alguns comentadores de Kant, o que pode ser visto como uma tripla bifurcação da consciência, a partir da decomposição do acto de representação, acto que aponta sempre para a necessidade de uma apercepção pura enquanto consciência de si primária e originária. O modo como se conjugam os termos da tripla bifurcação mencionada, nomeadamente em a) a consciência do objecto, em b) a consciência do acto de representação e em c) a consciência de si enquanto sujeito da representação, leva-nos a estabelecer, e segundo Kant, que ao nível da unidade sinteticamente originária da apercepção há apenas uma consciência de si, que é sem mais, sem que seja sequer determinado o modo como essa consciência se aparece nem como ela é em si mesma. É a partir deste ponto que, e segundo leituras de inspiração fenomenológica do problema do Eu em Kant, iremos defender uma espécie de autenticidade real a ser preservada no estatuto desse eu do eu penso, sobretudo através da referência a um tempo originário que nada tem que ver com o tempo da ciência. Para tal, levaremos a cabo uma partição metodológica, no universo de análise kantiano, entre ego transcendental e consciência transcendental, no sentido de aclarar o modo como a filosofia criticista explicita as condições de possibilidade do conhecimento, dirigindo a sua atenção às actividades cognitivas da consciência.



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