Rationality, Belief, Desire II - from cognitive science to philosophy (POCI/FIL/55555/2004) (2005-2008)
Director: Sofia MiguensData de início – 01/01/2005
Fim do Projecto – 31/06/2008
O
objectivo principal deste Projecto é compreender a diferença entre as
abordagens da natureza da mente feitas na ciência cognitiva e na
filosofia. Para isso, tomaremos como referência tentativas, levadas a
cabo na ciência cognitiva e na filosofia, de desenvolver uma teoria da
racionalidade. Como no projecto anterior do grupo (RBD1, sub-projecto da
Unidade I&D 502), entendemos que uma teoria da racionalidade
envolve (i) uma descrição ou caracterização dos factores em jogo nas
ocasiões em que agentes passam de determinadas crenças para outras
crenças, adicionam ou eliminam crenças do seu corpo de crenças, ou
optam, a partir de um conjunto de crenças e desejos, por um curso de
acção por entre várias alternativas, (ii) um conjunto de hipóteses
acerca da forma como decidimos entre critérios de correcção quando
falamos da justificação ou racionalidade de crenças e acções, (iii) um
conjunto de hipóteses acerca das razões por que queremos saber (se de
facto queremos) se as nossas crenças são verdadeiras e os nossos
raciocínios e acções racionais.
Enquanto no Projecto RBD 1 o
foco do nosso interesse foi a motivação dos agentes para a acção,
concebida esta quer do ponto de vista da ciência cognitiva quer da
filosofia, o nosso interesse reside agora na própria relação entre
filosofia e ciência cognitiva. Pensamos que uma teoria da racionalidade
deve ter como ponto de partida a investigação em ciência cognitiva
(nomeadamente estudos acerca de raciocínio, decisão, emoções e teoria da
mente) mas não pode identificar-se com essa investigação. Para defender
esta tese, pretendemos seleccionar problemas específicos (respeitantes a
raciocínio, decisão, emoções e teoria da mente) e comparar abordagens
desses problemas na ciência cognitiva e na filosofia. Na nossa tentativa
de tornar explícitas relações e diferenças entre estudos científicos da
cognição e filosofia, que virá também a permitir-nos caracterizar a
agenda da filosofia da ciência cognitiva, guiar-nos-emos pelo trabalho
de autores como D. Davidson, D. Dennett and J. Fodor.
Constitui
um objectivo central do Projecto compreender a racionalidade de agentes,
nomeadamente agentes humanos. Constitui também objectivo do Projecto
desenvolver a hipótese segundo a qual à filosofia incumbe desenvolver
uma teoria geral da subjectividade, que enquadre as investigações sobre
racionalidade provenientes de varias disciplinas. Parte da tarefa é a
explorar a subjectividade como entendimento, bem como a natureza
linguística desse entendimento. Uma observação prática impõe-se: é claro
que nem toda a investigação em ciência cognitiva tem que ser, nem é,
filosoficamente interessante. Mas muita da investigação levada a cabo em
áreas da ciência cognitiva é relevante para filósofos interessados em
certo tipo de problemas, nomeadamente aqueles que dizem respeito à
natureza da mente e da linguagem.
Assumindo que existe um objecto
de investigação comum à filosofia e à ciência cognitiva (a mente, a sua
natureza e processos), assumindo que ambas as abordagens são legítimas e
que não se excluem uma à outra, a hipótese com que trabalhamos é que a
diferença entre a filosofia e a ciência cognitiva se relaciona com o
lugar concedido à perspectiva de primeira pessoa e ao entendimento
naquilo que se entende por ‘teoria da mente’. Assim sendo, nas
investigações filosóficas, aspectos do mental tais como a fenomenalidade
e a normatividade assumem, em princípio, especial relevância. Esse
direccionamento relaciona-se em última análise com a importância da
consciência no que entendemos por mente e pensamento, e pode ser
defendido independentemente da ideia segundo a qual investigações
filosóficas são exclusivamente aprioristas (nós pensamos que as
investigações filosóficas não devem limitar-se a uma metodologia
apriorista, devendo levar em consideração ingredientes empíricos). Esta é
a convicção de fundo subjacente aos nossos trabalhos.
Assim, e
concretizando, a nossa investigação tem por objecto esclarecer o que
queremos dizer quando falamos de ‘agentes’, ‘crenças’, ‘desejos’,
‘acção’, ‘intenção’, uma vez que tais termos, maugrado serem
constantemente utilizados na investigação científica e filosófica sobre a
natureza do mental, não têm desde logo um significado claro e unívoco.
Página actualizada a 12-03-2011 @ 10:15