Fenomenologia e Hermenêutica


Group Reference: RG-PHIL-Norte-Porto-502-878
Time Interval: 2003-2010; 2011-2012
Location of Group (Host Institution): Instituto de Filosofia / Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Principal Investigator: Prof. Doutor Paulo Jorge Delgado Pereira Tunhas

Uma hermenêutica da fenomenologia não se confunde com uma história da fenomenologia. Aquando da criação desta linha de investigação, a nossa principal intenção consistiu em procurar as dinâmicas subjacentes à transformação do programa fenomenológico a partir de Husserl, em autores como M. Merleau Ponty, M. Heidegger, E. Lévinas, só para citar alguns. Como já é sobejamente conhecido, a própria fenomenologia husserliana sugere já o caminho de uma transformação. O sujeito constitutivo do sentido do primeiro Husserl, digamos, não é o Ur-Ich da Crisis ou o da fenomenologia da intersubjectividade. Trata-se neste último caso, e como afirma o próprio Husserl, de um Ich Kann, não de um Ich Denke. Estamos perante o trânsito – já assinalado nas obras póstumas de Husserl – de uma racionalidade teórico-formal a uma racionalidade prática.

Pretendeu-se também seguir o trajecto do sujeito como actividade constitutiva do sentido até ao sujeito progressivamente receptor, passivo, ou, se se quiser, afectado. Em casos extremos, trata-se mesmo de uma deposição do próprio sujeito (Lévinas). Tal conduziu a uma interrogação profunda das razões intrínsecas a esta transformação. Neste âmbito, as noções de transcendental, redução, intencionalidade, temporalidade, espacialidade... enfim, de fenómeno foram objecto de um estudo hermenêutico em ordem à detecção das principais metamorfoses pelas quais elas mesmas passaram desde a fenomenologia de Husserl até aos nossos dias. Tratou-se de uma hermenêutica que mais não visava ser do que um caminho para chegar à fenomenologia da doação: “à plus de réduction, plus de donnation” (J. Luc Marion), abrindo as portas a um diálogo crítico com os filósofos do dom, sem esquecer as suas raízes fenomenológicas.

Perseguindo o objectivo de fundo dos projectos do Gabinete, a saber, confluências entre fenomenologia e filosofia analítica, estão em curso investigações que visam um aprofundamento das noções de intencionalidade, racionalidade, sentido, transcendentalidade em Husserl. Os trabalhos realizados nesta área por J. L. Petit, J. Benoist, N. Depraz e R. Bernet têm sido alvo de tratamento preferencial, não só através de convites a estes autores como também de teses de mestrado e doutoramento em curso.


marcadorObjectives

The main objective of this group, which is the core group of the GFMC project started by Prof. Maria José Cantista in 1997, has been from the start to do research in the phenomenological tradition, on areas ranging from ontology to ethics. This was supposed to be done in parallel with research in analytic philosophy, the comparative perspective focusing especially on questions of intentionality (extending to rationality, consciousness and self-consciousness) and metaphysics (centering on realism and antirealism). Side by side with cognitive and ontological investigations, there has always been a practical strand in the phenomenological tradition, starting with Husserl himself, and with his writings on will, emotion, and intersubjectivity. These investigations constitute an invaluable basis for the analysis of ethical and communitary experience. Thus, work on phenomenology-based approaches to ethics such as those of H. Arendt and H. Jonas has been another guideline of the group’s research.

In 2008, when the founder of the group retired and was replaced by Prof. Paulo Tunhas it was decided that the group’s research should inflect to a focus on history of 19th-20th century philosophy, the place of the phenomenological tradition to be conceived therein. The current organizing project of the group (From Convergences to Divergences – the evolution of the notions of intentionality and phenomenon in post-heideggerian phenomenology) still sets as objective a comparison of the two most important traditions of 20th century philosophy, phenomenology and analytic philosophy, and tries to explore both convergences and divergences. Divergences started already with husserlian transcendental reduction and idealism, and we are analysing how they reflect on the way the notion of phenomenon is understood (cf. authors such as M. Richir, J.Y. Lacoste, J.F. Courtine, C. Romano, J. L. Marion and H. Maldiney). As for convergences, they are particularly notorious in issues concerning ontology and semantics (cf. the work of J. Benoist, which we consider especially relevant).



Página actualizada a 21-10-2014 @ 00:14

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