Uma Teoria Fisicalista do Conteúdo e da Consciência - D. Dennett e os debates da filosofia da mente

Sofia Miguens
2002

Uma Teoria Fisicalista do Conteúdo e da Consciência - D. Dennett e os debates da filosofia da mente

Colecção Nous, Campo das Letras


Edição: 2002
Páginas: 600
Editora: Campo das Letras

O crescimento explosivo da ciência cognitiva é importante para a filosofia. Mesmo que o estudo científico da mente e da cognição possa ser considerado como uma invasão de um terreno tradicionalmente filosófico, o que se verifica é que a ciência cognitiva é em grande parte filosofia redescoberta. (Introdução)

Neste livro Sofia Miguens procura, a partir de um estudo da obra do filósofo Daniel Dennett, introduzir e analisar os problemas da filosofia da mente e defender uma posição geral acerca do estatuto do mental no mundo, abarcando a intencionalidade, a consciência e a acção.


ÍNDICE

Prólogo, p. 17

Siglas utilizadas, p. 19

Citações e traduções, p. 21

INTRODUÇÃO
Apresentação geral do trabalho. A filosofia da mente. Ciência cognitiva como filosofia redescoberta. Será a psicologia (mais) importante para a filosofia (do que as outras ciências)? Estrutura específica do trabalho, p. 23

PRIMEIRA PARTE: As Origens

CAPÍTULO 1 - Dennett e a teoria da mente em 1965. O primeiro esboço da Teoria dos Sistemas Intencionais: princípios orientadores de Content and Consciousness., p. 45

1.1 A partir de Ryle e Wittgenstein, Quine e Putnam, p. 51
     1.1.1 Breve referência a E. Anscombe, C. Taylor e a alguns visionários na ciência e na engenharia, p. 70

1.2 O problema do conteúdo em Content and Consciousness: inícios de uma teoria teleológica do significado, p. 74
     1.2.1 A partir de fora e de cima. A referência segundo Quine. Existência e Identidade. 'Referencial' e 'não-referencial' segundo Dennett. O holismo e a fusão experimental das frases mentalistas nos seus contextos, p. 75
     1.2.2 A partir de dentro e de baixo. Informação e Teleologia. Armazenamento inteligente de informação e comportamento. O conteúdo e o funcionamento de estruturas apropriadas. Evolução no cérebro, p. 79
     1.2.3 A estrutura do comportamento. O comportamento dirigido a fins (goal directed behavior) e adscrição do conteúdo. Princípios da teleossemântica. Mente e linguagem, p. 86
     1.2.4 Os níveis pessoal e sub-pessoal da descrição e explicação: como tratar o nível pessoal. A dor como exemplo. p. 93

1.3 O problema da consciência em Content and Consciousness: inícios de uma teoria deflacionária da consciência, p. 95
     1.3.1 O funcionalismo segundo Putnam. A certeza introspectiva de um ponto de vista funcionalista, p. 96
     1.3.2 Os sentidos do 'apercebimento' (awareness). Apercebimento e controlo (apercebimento-2), apercebimento e expressão verbal (apercebimento-1), p. 101
     1.3.3 Imagens, qualia, preenchimentos e cores. Percepções de ausência ou ausência de percepção, p. 107

1.4 A Intenção: pensar e agir voluntariamente, p. 112
     1.4.1 O nível pessoal e a teoria da acção: as razões na acção. A intenção segundo Anscombe e a sua adaptação à psicologia filosófica de Dennett, p. 118

1.5 A linguagem, o entendimento e o nível pessoal. O que fica estabelecido em Content and Consciousness, p. 128

SEGUNDA PARTE: O Modelo

CAPÍTULO 2 - A posteridade do funcionalismo de Putnam: diferendos acerca da natureza da psicologia, p. 135

2.1 Dos anos 70 aos anos 90: a teoria teleológica do conteúdo, as suas implicações e os seus opositores - Brainstorms (1978), The Intencional Stance (1987), Brainchildren (1998), p. 135
     2.1.1 Linhas de análise da teoria do conteúdo: a formulação da Teoria dos Sistemas Intencionais (TSI), a oposição à Teoria dos Sistemas Intencionais (especialmente da Teoria Representacional da Mente), os princípios behavioristas da TSI e a sua ligação ao evolucionismo e a uma teoria geral do design, p. 135
             2.1.1.1 Jerry Fodor, a Teoria Representacional da Mente e a Hipótese da Linguagem do Pensamento, p. 140
             2.1.1.2 Instrumentalismo? - De Intentional Systems a Real Patterns. A TSI e as três estratégias (Estratégia Física, Estratégia do Design e Estratégia Intencional), p. 146
             2.1.1.3 Princípios gerais, p. 146
             2.1.1.4 Intentional Systems, p. 155
             2.1.1.5 A suposição de racionalidade, o crente perfeitamente racional e o design da racionalidade. Das virtudes do behaviorismo skinneriano à TSI, p. 159
             2.1.1.6 O valor de sobrevivência das crenças verdadeiras e a predominância do normal. A tensão entre racionalidade e incorrigibilidade. Racionalidade, holismo, indeterminação: as crenças nucleares e as outras crenças. Crenças e opiniões, p. 165
             2.1.1.7 A oscilação entre instrumentalismo e realismo: o realismo enfraquecido, os verdadeiros crentes e os padrões reais, p. 171
                       2.1.1.7.1 True Believers, p. 171
                       2.1.1.7.2 The Intentional Stance e a exploração dos problemas delimitados em True Believers, p. 180
                       2.1.1.7.3 Aquilo em que uma rã acredita: Evolution, Error and Intencionality, a biologia evolucionista e a indeterminação quineana, p. 187
                       2.1.1.7.4 Dennett e o Quarto Chinês ou quando outros filósofos atacam a separação entre conteúdo e consciência, p. 194
             2.1.1.8 Real Patterns, p. 197

2.2 A individuação do conteúdo e a explicação psicológica. Contra o interpretativismo da TSI: R. Millikan, F. Drestke, J. Fodor, p. 201
     2.2.1 Funcionalismo e teleofuncionalismo: a reintrodução das funções biológicas na teoria da mente. Realismo acerca de representações. A TSI e o teleofuncionalismo. Problemas do externalismo, p. 201
     2.2.2 Beyond Belief: mundos nocionais e proposições como medidas provisórias, p. 207
     2.2.3 Explicação psicológica e individuação do conteúdo de acordo com outras posições externalistas, p. 216
             2.2.3.1 A biopsicologia de R. Millikan, p. 216
             2.2.3.2 Informação e explicação do comportamento segundo F. Dretske, p. 225
             2.2.3.3 J. Fodor: a teoria nómico-informacional e o atomismo, p. 230
             2.2.3.4 Sentencialismo, eliminativismo ou interpretação?, p. 238

2.3 Dennett e o design: o foco das tensões internas da TSI, p. 241
     2.3.1 Oscilação entre design real e design como interpretação, p. 241
     2.3.2 Darwin's Dangerous Idea (1995): a ideia de Darwin e o evolucionismo generalizado. Realidade e relatividade do design, de novo, p. 245

CAPÍTULO 3 - Pensamentos conhecendo outros pensamentos: Dennett e os debates em teoria da consciência dos anos 70 aos anos 90 (de Brainstorms a Brainchildren, passando por Consciousness Explained), p. 249

3.1 A consciência como problema dos anos 90. A posição heterodoxa e deflacionária de D. Dennett. Os qualia aniquilados, o Teatro Cartesiano desmontado, os zombies declarados inconcebíveis. Teorias empírico-especulativas da consciência. Um outro prisma: o problema metafísico da consciência fenomenal e da sua irredutibilidade, p. 249
     3.1.1 Alguns marcos da investigação empírico-especulativa, p. 252
     3.1.2 Quining Qualia, p. 261
     3.1.3 Um outro prisma: metafísica e fundamentalidade da consciência, p. 267

3.2 Modelos de consciência e natureza das experiências: Brainstorms (1978), p. 278
     3.2.1 Experiência, memória, apresentação, expressão: os sonhos, p. 286
     3.2.2 Imagens mentais, p. 296
     3.2.3 A dor: sentir-se dor e simulação, p. 308

3.3 Modelos de consciência e natureza das experiências: Consciousness Explained (1991) e o close-up do observador, p. 310
     3.3.1 De novo a partir de fora e de cima: Shakey, SHRDLU e a heterofenomenologia, p. 317
     3.3.2 O Modelo dos Esboços Múltiplos, p. 322
     3.3.3 O tempo e a consciência. Temporalização, p. 324
     3.3.4 De novo a partir de dentro e de baixo. A evolução da consciência do ponto de vista da terceira pessoa e evitando considerar a representação do que quer que seja. Fronteiras, razões, sensiência e futuro. Evolução no cérebro. Máquinas virtuais instaladas, p. 337
     3.3.5 A ilusão do utilizador da Máquina Virtual joyceana, p. 348
             3.3.5.1 Ainda assim um interior: querer-dizer, pandemónio e actos de fala, p. 351
             3.3.5.2 O Eu, p. 357
     3.3.6 A última palavra (filosófica) quanto ao Teatro Cartesiano, p. 361
             3.3.6.1 Mostrar ou dizer, p. 361
             3.3.6.2 Querer-dizer, reportar e exprimir, p. 363
             3.3.6.3 Quebrar a barreira da testemunha: uma interpretação da visão cega, p. 367
             3.3.6.4 Ver é saber?, p. 370
             3.3.6.5 A cor, de novo (e uns certos gostos e desgostos ligados aos qualia), p. 373
             3.3.6.6 Mary e os zombies. O Quarto Chinês. O morcego, p. 380
     3.3.7 Ciência cognitiva ou teoria filosófica da consciência? O choque de intuições quanto à funcionalidade da consciência: Dennett versus Searle, Nagel, Chalmers e Jackson. O concebível e o inconcebível, p. 384

CAPÍTULO 4 - As Pessoas e as suas Acções: a filosofia da mente e os fundamentos da filosofia moral, p. 391

4.1 Pessoa e acção como conceitos normativos: a filosofia moral e a teoria cognitiva. Naturalismo gradualista e compatibilismo, p. 391

4.2 A fragmentação do problema da vontade livre e as formas que o problema da vontade livre não tem: vontade numénica, indeterminismo físico, capacidades mentais não mecânicas, p. 397

4.3 A liberdade num mundo determinista: aleatoriedade, controlo, espaço de manobra (elbow room) e descrição intencional, p. 402
     4.3.1 A rigidez, o espaço de manobra e o controlo. Condições da acção: determinismo físico, determinação do design, limitações cognitivas. A impossibilidade física da vontade pura e a sua substituição pela prudência, p. 403

4.4 Da teoria do controlo ao auto-controlo meta-reflexivo e à avaliação forte, p. 406
     4.4.1 Deliberação, decisão, oportunidade. Previsibilidade e imprevisibilidade. A deliberação e a decisão: vantagens da insensibilidade e da arbitrariedade. Deliberação e possibilidade epistémica, p. 406
     4.4.2 Razões e self. O eu e as suas ficções. Real, virtual. Indeterminação. Auto-exortação, p. 410
     4.4.3 Do eu à pessoalidade, p. 414
     4.4.4 'Quererei eu realmente ser aquilo que sou?' Os meta-problemas difíceis do controlo, a avaliação forte e a sorte moral, p. 422
     4.4.5 Sorte moral ou responsabilidade. A prudência e o design do deliberador, p. 426

4.5 Manual de primeiros socorros morais e ética da virtude, p. 429

4.6 Problemas de fundo, p. 433

CAPÍTULO 5 - Questões aplicadas da TSI. Tipos de mentes: mentes animais, artificiais e humanas, p. 437

5.1 A horizontalidade da perspectiva da TSI sobre o mental: o natural e o artificial. Ciência cognitiva, engenharia invertida e/ou síntese. Cérebros, programas, robôs: da base para o topo e do topo para a base. A IA e as experiências de pensamento reais. Os tipos de mentes e a tipologia (a partir de dentro e de baixo) das criaturas cognitivas, p. 437

5.2 Questões aplicadas da TSI: as mentes animais e o problema da interpretação: o problema do enquadramento (frame problem) na IA e a incorporação das mentes, p. 445
     5.2.1 Mentes animais: etologia cognitiva, p. 448
     5.2.2 Mentes artificiais: O problema do enquadramento na IA, p. 462
     5.2.3 A incorporação das mentes: perturbações do funcionalismo, p. 473

TERCEIRA PARTE: Os Problemas

CAPÍTULO 6 - Fisicalismo, Conteúdo e Consciência: da filosofia da mente à ontologia, p. 479

6.1 Primeiro e fundamental ponto crítico para a avaliação da TSI: o fisicalismo e a irredutibilidade da intencionalidade, p. 479

6.2 A natureza e o seu interior I. Será a TSI necessariamente fisicalista? O realismo moderado, a teoria evolucionista da cognição e o estatuto dos interfaces. A (in)justificação do fisicalismo, p. 482
     6.2.1 J. Haugeland e a teoria do entendimento (ou como reconciliar a Estratégia Intencional com a Intencionalidade Intrínseca de J. Searle), p. 490
     6.2.2 Pós-antropologismo: B. Cantwell Smith e a origem dos objectos, p. 500

6.3 A natureza e o seu interior II. Racionalidade: a impossibilidade de irracionalidade e a racionalidade mínima, p. 509

6.4 A natureza e o seu interior III. Consciência fenomenal ou ilusão do utilizador de uma Máquina Virtual. Epifenomenismo, p. 520

CONCLUSÃO: Vale a pena fazer filosofia da mente? Um retorno às origens, p. 537

Contexto histórico-sociológico da filosofia da mente e da ciência cognitiva. A tradição filosófica. Vale ou não vale a pena? - A nossa natureza mental, p. 539

BIBLIOGRAFIA, p. 561

ÍNDICE ONOMÁSTICO, p. 589

ÍNDICE TEMÁTICO, p. 593



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