Cadilha, Susana. Ética e Naturalização (Orientadora: Sofia Miguens)

Plano actual de trabalhos:
“Dados os meus propósitos iniciais, debrucei-me sobre algumas propostas de naturalização da ética, tendo em foco sobretudo o próprio conceito de naturalismo, qual o seu alcance e quais as suas implicações. A minha questão orientadora era a de discernir as condições de possibilidade e de viabilidade de qualquer tentativa de naturalização da ética, isto é, saber se os fundamentos da normatividade podem ser encontrados na nossa qualidade de seres pertencentes à natureza. Para isso, vi-me na necessidade, antes de mais, de perceber quais os compromissos metaéticos das teorias naturalistas da ética, saber o que estamos a defender – quanto a posições de fundo, filosóficas, acerca de como o mundo é (e nós nele) – quando defendemos uma concepção naturalista da ética. Essa interrogação conduziu-me à urgência de aclarar o próprio conceito de naturalismo no domínio da normatividade moral – o que é, o que pretende, quais as suas implicações de um ponto de vista tanto metafísico (o que tem de existir no mundo para que essa hipótese faça sentido) como psicológico (como temos nós que ser enquanto seres morais para que a hipótese naturalista possa ser considerada a mais pertinente).

Interessou-me, pois, reflectir sobre o que pode contar como uma posição naturalista em ética. Esta discussão é imprescindível para poder perceber as bases de qualquer proposta naturalista mas é-o também tendo em vista as conclusões que espero poder deduzir deste estudo – e isto na medida em que se me afigura neste momento claro que uma vez que descobri que algumas dessas propostas têm implicações metaéticas inviáveis, assim como implicações psicológicas pouco consistentes com a realidade, essa é uma forma de as refutar num plano mais avançado de desenvolvimento da investigação. É, pois, esse o caminho que pretendo tomar futuramente. Dadas as minhas conclusões acerca dos comprometimentos metafísicos dessas propostas, acentuar as suas fragilidades e virtualidades, e decidir sobre a pertinência dessas mesmas propostas, tanto separadamente como no seu todo (na medida em que forem propriamente “naturalistas”).

Em seguida, e visto que tenho-me debruçado sobretudo sobre questões de cariz ontológico e epistemológico, em volta dos conceitos de facto moral e de objectividade, tenho o propósito de nos tempos próximos dedicar-me mais a questões de psicologia moral, a partir das quais analisarei estudos empíricos onde se procura investigar do ponto de vista psicológico o que é agir moralmente – se se trata de um raciocínio que assenta em princípios, ou se é um mecanismo instintivo que resulta de algumas emoções básicas; se existirão normas que possam ser consideradas inatas ou universais; se as nossas respostas morais podem ser analisadas e explicadas de um ponto de vista evolucionista; se os casos de “imoralidade” podem ter causas patológicas; enfim, se há lugar para uma neuroética.”



<< Voltar
 Imprimir 
cabecalho_logo

Título
X