De 29-01-2011 a 12-02-2011
Não conhecia então estas coisas e amava as coisas belas e inferiores, e ia para o abismo, e dizia aos meus amigos: «Acaso alguma coisa amamos a não ser o belo? Mas que é o belo? E que é a beleza? Que é que nos atrai e nos une às coisas que amamos? Se nelas não houvesse graça e formosura, de nenhum modo nos atrairiam para si.» E reparava e via nos corpos que uma coisa era, por assim dizer, o todo e, por isso, belo, outra coisa era o que ficava bem, porque de forma apta se adequava a alguma coisa, como a parte do corpo ao seu todo, ou como o calçado ao pé, e outras coisas idênticas. Esta consideração brotou no meu espírito, do íntimo do meu coração, e escrevi os livros Da beleza e do Apto, creio que dois ou três, tu sabes, ó Deus: já se me escapou. Com efeito já não os temos, pois extraviaram-se, não sei como.
Santo Agostinho, Confissões, IX, viii, 13 (trad. A. E. Santo ? J. Beato ? M . C. C.-M. S. Pimental, edição bilingue, INCM, Lisboa 2002, p. 151).